Da América para o Mundo
Foi Hernán Cortés que enviou carregamentos de cacau a Carlos V, cerca de 1524 e a pouco e pouco tornou-se moda entre a nobreza e o clero, tomar chocolate, ainda de forte sabor amargo. No entanto, devido ao poder excitante que tinha sobre quem o tomava, o alto clero começou a proibir o seu consumo, nomeadamente dentro das igrejas. Diz-se que as damas espanholas, a fim de tornarem mais suportáveis os longos sermões, bebiam chocolate durante a missa, servido pelos criados. Esta situação tornou-se insustentável e os prelados ameaçaram excomunga-las se continuassem com aquela prática; elas preferiram abandonar a missa ao chocolate.
Diz-se que o Papa Pio V contribuiu imenso para o aumento do consumo do chocolate, ao declarar que o chocolate não violava o jejum. Esta foi certamente uma das razões que fizeram com que os monges fossem os primeiros mestres chocolateiros.
O chocolate começou a espalhar-se pela Europa e entrou em Itália pela mão dos médicos, em França pela mão de Ana de Áustria, filha de Filipe III de Espanha, depois do seu casamento com Luís III, chegou a Inglaterra, onde foi de imediato adoptado pelos aristocratas e entrou na Alemanha pela mão de um cientista de Nuremberga.
Inicialmente, sendo uma bebida muito amarga, não estava adaptado ao gosto europeu e era considerado mais como medicamento do que alimento. Mas rapidamente o amargor se tornou um problema de fácil e rápida solução: juntando açúcar ao cacau, obtinha-se assim o chocolate, doce e agradável.
E definitivamente, quase um século após a sua descoberta, o chocolate instalou-se no Velho Mundo e começaram a surgir os salões onde se degustava tão prazerosa bebida. Surgiram as chocolatarias e, em Paris, no reinado de Luís XIV, abriu a primeira loja de chocolates.
O bombom vem precisamente da expressão “Bon! Bon!” que os franceses exclamavam quando saboreavam pequenos pedaços de chocolate sólido, envoltos em papel dourado, para não sujar os dedos.
Em Inglaterra e Espanha começaram também a abrir lojas de chocolates, por volta de 1660, e a primeira fábrica de produção mecânica de chocolate abre em Barcelona, em 1777.
No seculo XIX começa uma nova era da indústria do chocolate. Os suíços começam a preparar o chocolate com leite e açúcar, a partir do cacau em pó, dando origem a um alimento de sabor mais suave. Surgem os grandes chocolateiros, Philip Suchard, Heinrich Nestlé, Lindt e Daniel Peter. Nomes que ficaram conhecidos não só como artesãos do chocolate, mas também como investigadores de novas técnicas e processos de fabrico.