Dia de Mãe
Não quero deixar passar em branco este dia e celebrar e homenagear todas as Mães.
E hoje celebro, em especial, a minha Mãe, que, ao longo de toda a sua vida, se dedicou de alma e coração à família. Há Mulheres que nascem com a única finalidade de serem as guardiãs sábias da ´celula mais pequena da sociedade. A minha Mãe é uma dessas Mulheres.
Nem sempre a nossa realção foi fácil. Já tivemos períodos de verdadeiras zangas e conflitos que nos ensinaram, principalmente, a gerir melhor as nossas emoções. Por sermos ambas Mulheres de convicções fortes e determinação inabalável, muitas vezes nos chocámos de forma explosiva. Mas ao longo dos anos, a idade trouxe-nos uma espécie de sabedoria interna que nos permite. hoje em dia, vivermos com harmonia e pacíficamente.
Da minha Mãe recebi todos os ensinamentos que me permitiram. ao longo da vida, desenvolver competências em vários campos: profissional, emocional, espiritual, na vida prática do dia a dia.
Enquanto vivi em caso dos meus pais, até aos 25 anos, a minha Mãe entendeu que eu teria que aprender como tratar de uma casa na perfeição. Só não gostava que eu me aproximasse da cozinha e nunca me ensinou a cozinhar. Como sempre foi uma Mãe a tempo inteiro e dona de casa, eu realmente nunca precisei de cozinhar as minhas refeições. Quando saí de casa, não sabia estrelar um ovo. Aí, as contas de telefone começaram a ser exorbitantes pois a necessidade de cozinhar pratos quentes e um pouco mais elaborados que a tradicional massa com atum, requeria que as receitas e as dicas fossem ditadas ao telefone. Depois vieram os livros de cozinha, alguns oferecidos pela minha Mãe. Depois as “aulas de culinária”, ao vivo, quando ia a minha casa.
Mais tarde aconteceram os almoços e jantares de família em que tinha (ou não) a aprovação da Mestra e que exigiam de mim toda a atenção e cuidado para superar as expectativas dos que sempre me tinham visto com o nariz enfiado nos estudos e nos livros e longe da cozinha e dos tachos.
Criei quatro filhos com alimentação saudável e toda preparada por mim, desde as primeiras papas e sopinhas até aos hamburgueres que fazia em casa, muito parecidos, em aspecto, com os dos Mcdonald (onde nunca os levava mas onde eles começaram a ir logo que começaram a sair com amigos).
Sempre com a ajuda da minha Mãe, fazia as festas de aniversário, recebia os amigos à volta da mesa e servia lanches, em turnos, aos míudos que frequentavam a minha casa, amigos dos meus filhos: os mais velhos lanchavam primeiro, os mais pequenos lanchavama a seguir (não cabiam todos na enorme mesa de cozinha que estava sempre preparada para quem chegava.).
No entanto por mais voltas que dê, com 56 anos, não consegui ainda fazer uma consoada e uma Páscoa na minha casa. Duas festividades anuais que a minha Mãe muito respeita e preza, fazendo questão de juntar a família toda.
Passa dois ou três dias a cozinhar e prepara, com a ajuda do meu pai, toda a casa e as mesas onde passamos várias horas a comer, a conversar, a criar laços, a saber das novidades uns dos outros, a estabelecer pontes entre gerações. O meus filhos adoram ir comer a casa da avó e o Natal e Páscoa nem podem ser celebrados noutro local, impensável! Adoram os mimos que ela prepara sempre para eles. Eu, confesso, levo sempre dois ou três tuperwares para trazer o que sobra, que é sempre imenso. A minha Mãe tem o talento para fazer quantidades de comida astronómicas que alimentam toda a família no próprio dia da festa e nos dias seguintes. Eu, confesso, ainda não atingi este patamar.
E a família vai aumentado. Agora os meus filhos já levam as namoradas a almoçar ou jantar a casa da avó e também já levam um tuperware que ela enche com generosidade e muito amor.
Ao longo dos anos foi nutrindo toda a família com comida boa, simples mas saborosa, onde coloca doses inimagináveis de amor, ternura, cuidado, preocupação pelo nosso bem estar. E esta nutrição do corpo acaba por nutrir as almas e os corações pois toda a generosidade que coloca em cada pequena atitude de dádiva faz-nos, a todos, na família, agradecer a enorme benção de termos esta Mãe como matriarca e guardiã da nossa família.
Porque cozinhar é “fazer Amor” em forma de comida, não tenho a miníma dúvida que quem cozinha para os outros, quem nutre os corpos, ama de forma muito bonita. Sendo Mãe, essa forma de amar torna-se incondicional e de uma generosidade sem fim. E é mesmo assim que a minha Mãe ama: generosa e incondicionalmente.
Desejo a todos um excelente dia da Mãe, celebrando em família o único ser capaz de nos fazer chegar a este mundo louco em que vivemos!
Um grande abraço
Tia Céu