Fundação Abreu Callado
A Fundação Abreu Callado está localizada em Benavila (Avis), no Alto Alentejo e é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) com estatuto de fundação de direito privado e com fins de utilidade pública.
Em 2008 comemorou-se o 60º aniversário da sua criação e a história desta fundação é um pouco a história da família Abreu Callado.
“O seu fundador foi o último descendente directo da família Abreu Callado, e por isso decidiu integrar o património familiar numa instituição que garantisse apoio social aos seus trabalhadores e reformados, e proporcionasse ensino aos filhos desses trabalhadores e a outros jovens do concelho onde tinha sede a “casa agrícola”, fundada por seu pai, Francisco d’Abreu Callado”. (in “Cosme de Campos Callado – O Homem e a Obra”).
O edifício-sede, uma construção senhorial de traça rústica alentejana, ostenta na chaminé maior a data de 1758.
As vinhas da Fundação Abreu Callado estão plantadas em terrenos franco-argilosos, sendo favorecidas pelo clima ameno proporcionado pela proximidade da Barragem do Maranhão.
Grande parte destas vinhas foram plantadas em meados dos anos 50 e as principais castas são: as brancas Roupeiro, Arinto e Tamarez; as tintas tradicionais da casa , Aragonez, Trincadeira e castelão às quais se juntaram Touriga Nacional e Alicante Bouschet em 2003.
No edifício-sede da Fundação estão localizadas a Loja do Vinho, uma “sala para almoços”, a “sala de provas” (antiga “casa da matança”), havendo ainda na mesma zona do “páteo velho” salas de estágio de vinho em garrafa, um Museu Rural (onde estão expostas peças que recordam antigas actividades agrícolas) e um lagar de azeite com os tradicionais “capachos” de sisal.
Fiz uma visita a esta Fundação, na Primavera passada, guiada pelo Fábio Patrica, enólogo-assistente, jovem empreendedor que estudou na Escola Profissional da Fundação e se dedica de corpo a alma, a um trabalho de recolha e recuperação do património da Fundação, organiza visitas às vinhas e adegas, almoços de grupo e degustação de vinhos e petiscos com produtos típicos da região. Uma simpatia em pessoa, que me recebeu como velha amiga e se disponibilizou para me explicar o que eu ainda não sabia sobre esta Fundação.
E que dizer dos vinhos? Com cerca de 52 hectares de vinha e 250.000 l de vinho/ano, os nove rótulos fazem as honras da casa e deixam qualquer um com vontade de lá voltar. Seja no Verão abrasador ou no Inverno rigoroso, passear nesta zona e entrar na pequena Loja de Vinhos para comprar umas garrafas e uns queijos alentejanos, é m ritual que já se repete há muitos anos. Ligada por laços afectivos e familiares a Benavila, a Fundação Abreu Callado faz já parte da história da minha família, como lugar de referência de boas e gratas recordações de um Alentejo que vive no meu coração.
Deixo-vos o link do site da Fundação e aconselho-vos uma visita com marcação prévia de degustação ou almoço. O tempo convida a convívios de portas adentro, com lareira, calor humano e bom vinho. Sem excessos, não se esqueça!! Na zona há alojamento local de muita qualidade. Por isso, sem desmerecimento por outras zonas do país, partam à aventura de descobrir um recanto do Alentejo verdadeiramente paradisíaco.
Faltou dizer muito mais sobre esta Fundação mas quero ainda aqui deixar o meu muito obrigada ao Fábio Patrica, enólogo assistente que faz parte da equipa técnica composta pela Dra Margarida Racha, chefe da adega e pelo Engº João Silva e Sousa, enólogo sénior.
A minha escolha é difícil, tratando-se de vinhos a que já me habituei há muitos anos a degustar, no sossego e silencio do Monte da Chaminé. Mas talvez o “Horta da Palha” seja o que melhor me sabe. Casta Touriga Nacional, aroma de fruta fresca e de estágio em madeira, estrutura de taninos firmes e suaves. Vai muito bem com carnes vermelhas ou queijo.