Primavera

Por : | 0 Comentários | On : Março 20, 2017 | Categoria : Blogue

Primavera - Receitas da Tia Céu

Estamos no mês de Março e já celebrámos vários dias especiais: Dia da Mulher, Dia do Pai, hoje começa a Primavera, é o dia Internacional da Felicidade e o Dia da Poesia, amanhã será o Dia da Árvore, dia 22 será o Dia Mundial da Água e dia 25 celebramos o Dia Mundial do Teatro, entre outros de somenos importância mas todos para nos lembrar actividades, santos, conceitos, valores, enfim, todos estes dias comemorativos ajudam-nos a celebrar a festa de estarmos vivos em comunidade com os nossos semelhantes.

Mas para mim, sem sombra de dúvida, o dia mais importante que celebro, em Março, é o começo da Primavera. Sempre o fiz, inconscientemente, quando, em miúda, me deixavam ir brincar para a rua, ao entardecer, sempre com a recomendação de vestir um casaco mais quente. Nessas tardes frescas de início de Primavera, no Alentejo, as brincadeiras tinham mais risos, mais vozes de crianças a entoar cantigas de roda. E brincávamos às escondidas, que o lusco fusco facilitava o esconde-esconde, e à apanhada, ao macaquinho do chinês.

Quando a noite caía, as mães e as avós vinham chamar o bando barulhento para dentro. Era a hora do banho, do jantar com sopa de feijão e às vezes a açorda, outras vezes o cação, outras vezes as migas com carne de porco…  E o jantar já entrava na boca a custo porque os olhos já se fechavam com facilidade, o sono chegava com aquele cansaço bom de criança feliz e despreocupada.

Eu já sabia que começavam os dias felizes da Primavera e celebrava, à minha maneira, com os desenhos que fazia, cheios de côr nas flores e sois e casinhas com chaminés e janelas com cortininhas. Antes de dormir, desenhava o que via na minha imaginação. Às vezes apareciam fadas e princesas entre as flores do desenho e estrelinhas a saltitarem para fora do papel. E eu ria, feliz, com o verde das folhas das árvores do quintal a entrarem-me pelos olhos dentro e com o vento a segredar aos ramos, histórias de outras terras. O Inverno já se tinha acomodado para o seu longo sono. E eu dormia, feliz, sabendo que no outro dia acordaria com o sol nas folhas verdes que me entravam pela janela do quarto e se alojavam nos meus olhos de menina-primavera.

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