Quase, quase Natal…
Pois é! meus amigos e minhas amigas! Não tarda, daqui a pouco mais de um mês é Natal! O Outono está quase no final do seu percurso e este ano não cumpriu a sua missão, isto é, não molhou a Terra com a sua chuva fertilizadora, não trouxe às sementes, aos animais e às gentes o tão necessário pousio, o almejado sono repousante à alma dos seres vivos….
Como sabem, os ciclos da Terra, no hemisfério norte são marcados pelas estações do ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
A Primavera é o (re)nascimento da vida, o acordar para fora do fruto, da terra, de casa, da caverna. Os que hibernam acordam e procuram os seus semelhantes para a multiplicação da vida, as sementes tornam-se fruto e resplandecem em toda a sua pujança, as flores explodem de cores e fragrâncias, os humanos seguem no mesmo registo e é vê-los em passeios pela cidade, em atividades ao ar livre porque o Solzinho assim o pede.
O Verão é o desfrute da vida que acordou na Primavera! E é a praia, os corpos bronzeados, os amores de Verão, os frutos saborosos e vermelhos, prenhes de sensualidade, os filhotes de bicho a dar continuidade às espécies, as esplanadas cheias de risos e alegria, a cerveja estupidamente gelada a correr a rodos….
Aí o sensato Outono chega e lembra-nos que a vida não pode ser sempre festa e luz e sol e viver fora de portas, sejam as da alma, sejam as da casa. É preciso o equilíbrio entre o fora e o dentro, a luz e a escuridão, o calor e o frio, o sol e a chuva, viver dentro de casa e olhar para a alma, estar com a alma. O tempo de Outono é o recolhimento, o calor do fogo na lareira, o abrandar dos ritmos, os peludos de quatro patas hibernam na floresta, enrolados no seu pêlo, bem no fundo da sua caverna, as sementes aguardam as chuvas, repousando no escurinho da terra…
E eis que chega o Inverno… E os dias já começam a crescer… O planeta celebra há milénios a chegada do Sol, do Deus Menino, dos dias maiores, do final do tempo de interiorização… O Natal é o expoente máximo das celebrações em quase todo o Mundo, celebra-se a família, simbolizada pela sagrada família dos católicos… Logo, logo vem janeiro e rapidamente o carnavalesco Fevereiro salta e rodopia, sendo até mais curto porque tem pressa de se tornar Março primaveril. Lembro-me bem de me aperceber, em miúda, da chegada da Primavera, quando brincava na rua com os meus primos e sentia aquele ventinho que me fazia vibrar os cabelos. Ainda hoje, com 55 anos, procuro o frémito que me anuncia a Primavera, nos passeios de dias soalheiros do final do Inverno.
E este ciclo faz falta! Faz falta à Terra, faz falta os animais, às plantas, faz falta à vida.
No entanto, este ano, a seca, a falta de chuva e as alterações climáticas privaram-nos do frio e chuvoso Outono. O Sol e o bom tempo que se faz sentir em Portugal, fazem do nosso país um paraíso turístico mas privam-nos do necessário recolhimento. E a Terra começa a queixar-se. Ainda não nos apercebemos da enorme tragédia que estamos a viver, sem água.
A mim, este Outono cheio de Sol ainda não me trouxe o Espírito do Natal. Geralmente, por esta altura do mês de Novembro, já fui ao sótão buscar a árvore de Natal e as caixas com as dezenas de decorações que espalho pela casa, religiosamente, no dia 1 de Dezembro. Já comecei a fazer as listas de presentes e a procurar as receitas para as festas de família, que começam cá em casa, no dia 4 de Dezembro com o aniversário de minha mãe. Já vibrei e já espalhei o brilho dos meus olhos à minha volta, quando vejo as decorações nas montras e nas ruas. Já o Espírito de Natal tomou conta de mim e anda de namoro pegado com a minha alma de menina. Tem sido sempre assim, até em anos de maiores dificuldades financeiras ou com problemas de saúde. No entanto este ano, este Espírito namoradeiro de almas joviais e felizes, anda arredado, cego e surdo ás luzes e aos cânticos de Natal. Bem o chamo, com cheiros e sons que me ficaram de outros anos mas ele não vem.
Só me resta esperar…Pode ser que chegue com as chuvas que se anunciam para os próximos dias… E também com as receitas e dicas que partilharei convosco aqui, no site da Tia Céu.