Surpresas a Sul
No concelho de Castro Marim, encostadinha a Monte Gordo (que abomino, desculpem os fãs!) há uma pequena vila – Altura – com pouco mais de dois mil habitantes permanentes, com uma praia de cortar a respiração: areia branca e limpa, água transparente, areal a perder de vista. Podemos andar a pé até Monte Gordo ou até Manta Rota, logo ali ao lado.
Freguesia de Castro Marim, vila sossegada de gentes simples, Altura é o destino ideal para umas férias calmas em época baixa. O casario é baixo e aldeão, na parte mais antiga da vila, e moderno, estilo maison de férias algarvias, nos arrabaldes. Em Junho, Julho e Agosto a população triplica. Famílias inteiras, com criancinhas barulhentas e adolescentes trombudos, avós activos e tias solteiras enchem o pouco comércio e abrem as janelas de casas fechadas o ano todo. Os restaurantes ficam com filas para almoços e jantares demorados e descontraídos. Os turistas são, maioritariamente, casais de meia idade que apreciam o sossego e a calma e preferem esta zona do Algarve menos explorada pelos operadores turísticos. Nuestros hermanos espanhóis atravessam o Guadiana e chegam alegremente a esta terra pacata, com os seus pimpolhos, para almoçarem e jantarem bem e barato e para se banharem nas águas límpidas do mar calmo e ameno.
Por estes dias, aproveitando os feriados, fiz umas curtas férias, retemperadoras, e rumei a Sul. Tempo instável mas suficientemente bom para passear e para descansar, junto ao mar.
Como não podia deixar de ser, comer bem faz parte do interregno da vida que me permito de vez em quando. Na zona de Altura há alguns bons restaurantes. Quero deixar aqui um pequeno apontamento acerca d’”A Chaminé”, no centro da vila de Altura, e da “Casa Velha”, em Cacela Velha.
A Chaminé é um daqueles restaurantes iguais a tantos outros, típico, com cadeiras de espaldar alto, montra de mariscos, pratos decorativos nas paredes, medalhas e diplomas, fotos emolduradas de figuras públicas que ali retemperaram forças para mais uma voltinha no carrocel da fama, com os pratos confeccionados por uma equipa de cozinha de cerca de seis pessoas, profissionais da “velha guarda”. Penso que é mesmo considerado o melhor restaurante de Altura.
A equipa de sala tem oito funcionários cuja média de idades ronda os cinquenta anos. Inspira-me confiança, estas idades… Quando entrei, pedi um mesa para duas pessoas e conduziram-me a uma sala com cozinha à vista. Bom!! Os pratos escolhidos, o serviço foi rápido e eficiente: Filetes de Peixe Galo com Arroz de Tomate e Folhado de Camarão acompanhado de Legumes frescos e salada verde. Saboroso, no ponto exacto que me chama a atenção para o profissionalismo da equipa de cozinha. O serviço, apesar da sala cheia, foi rápido e atento aos copos vazios. Bom sinal de escola feita na experiência da vida. Dois dedos de conversa, estórias de vidas que se cruzam neste espaço onde se come bem, a preços médios, com simpatia e vontade de voltar.
Recomendo!
Encerra à terça feira para descanso do pessoal.
O proprietário, que assume a chefia do pessoal na cozinha, vem até à sala e cumprimenta, um a um, os clientes habituais. É o senhor Joaquim Feliciano.
Quando forem a Altura, passem por lá. Fica na Av. 24 de Junho, nr. 17, no centro de Altura.
Já a Casa Velha, em Cacela Velha, ficará para outra crónica. As férias foram curtas mas os passeios foram muitos.
E vamos lá para Lisboa, de regresso à vida real, até ao meu regresso, no Verão, para mais uma estadia num cantinho do paraíso.